Folclore - Carybé |
Nesse sentido amplo de “saber do povo”, a idéia de folclore designa muito simplesmente as formas de conhecimento nas criações culturais dos diversos grupos de uma sociedade. Em princípio, pensa-se o folclore a partir do conjunto de tradições culturais transmitidas, em geral, de forma oral e sem influência acadêmica, tais como as danças, músicas, manifestações religiosas, festas tradicionais, brincadeiras infantis, superstições, lendas, mitos, entre outras. Tem-se aí o contraponto entre a chamada cultura erudita e a cultura popular. Mas essa delimitação nunca é muito clara, pois onde começa e termina o folclore? Considera-se, por exemplo, a Festa do Divino uma manifestação do folclore ou cultura popular, mas o que pensar do desfile de escolas de samba?
Uma coisa que é clara é que o conceito de folclore e do que pode ser considerado folclore foi sendo modificado ao longo da história, de acordo com as discussões teóricas e vieses de várias linhas de pensamento. Para se ter uma idéia, no Brasil – no início do século XX – os estudos de folclore incidiam basicamente sobre a literatura oral, sobretudo a poesia popular, guiadas por correntes filosóficas e científicas vigentes na Europa.
O musicólogo e folclorista brasileiro Renato Almeida (1895 – 1981) propôs uma aproximação com a Etnologia ou a Antropologia Cultural, onde o foco de estudo não fosse somente a literatura, mas outros aspectos da vida social e material, como o artesanato, as indumentárias, os instrumentos musicais e suas formas de execução, as danças, a culinária, etc.
Mário de Andrade (1893 – 1945) também concordou com esta proposta, e buscou diálogo com as ciências sociais e humanas. Ele estruturou um curso de formação de folcloristas para orientar trabalhos de campo e criou a Sociedade de Etnografia e Folclore, que organizou um guia classificatório de folclore e propôs diretrizes para equipar museus de folclore.
Em 1938, quando estava à frente do Departamento de Cultura de São Paulo, Mário de Andrade enviou um grupo de pesquisadores ao Norte e Nordeste para que registrassem, durante seis meses, os cantos e danças populares dessas regiões. A idéia era documentar com filmes, fotos e discos as manifestações encontradas por Mário de Andrade dez anos antes. Cada seção de gravação (aproveitada, também, para fotografias e filmagem) era antecedida por pesquisas orais, complementadas por registros mecânicos. Consulte este riquíssimo acervo aqui.
Os Integrantes da Missão de Pesquisas Folclóricas: Martin Braunwieser, Luis Saia, Benedicto Pacheco e Antonio Ladeira mar/1938 Recife (PE) . Sem registro |
Mais tarde, em 1946, Renato Almeida - que nesse momento era presidente do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBEC), do Ministério do Exterior e vinculada à Unesco – criou a Comissão Nacional de Folclore (CNF).
Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986) também se destacou como grande estudioso
e divulgador do folclore brasileiro, produzindo uma obra fundamental para os estudos etnográficos e antropológicos no Brasil. O seu Dicionário do Folclore Brasileiro (de 1954) é referência mundial para qualquer estudo sobre o assunto.
Em 1951, a Carta do Folclore foi aprovada no I Congresso Brasileiro de Folclore. Ela dizia entre outras coisas que "constitui o fato folclórico a maneira de pensar, sentir e agir de um povo, preservada pela tradição popular e pela imitação, e que não seja diretamente influenciada pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam, ou à renovação e conservação do patrimônio científico humano, ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica" . Nesse documento registrou-se a definição do fato folclórico, elaborado com o consenso dos folcloristas brasileiros.
Em decorrência das grandes transformações sociais e do avanço das ciências, nas últimas décadas, estudiosos da cultura popular propuseram uma releitura da Carta de 1951. Em dezembro de 1995, então, realizou-se o VIII Congresso Brasileiro do Folclore, em Salvador (BA). Neste congresso foram atualizados os conceitos e considerou-se que: "o folclore é o conjunto de criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade".
Fonte: Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo
Fonte: Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo
Mais informações sobre folclore:
DVD sobre estudos de folclore:
Em busca da tradição nacional - 1947-1964 - inaugura a série Caminhos da Cultura Popular no Brasil e marca as comemoraçõees dos 50 anos do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, como forma de destacar o esforço de tantos intelectuais brasileiros para o estudo e a preservação das expressões populares.
A partir de fotografias, gravações sonoras e filmes reunidos desde 1940 no acervo da Biblioteca Amadeu Amaral, o vídeo narra não só história da instituição como também um pouco da memória dos estudos de folclore e cultura popular no Brasil, a fim de preservar o trabalho já desenvolvido e fazer dele suporte para o desenvolvimento e a continuidade de pesquisas e estudos na área.
Em busca da tradição nacional - 1947-1964 - inaugura a série Caminhos da Cultura Popular no Brasil e marca as comemoraçõees dos 50 anos do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, como forma de destacar o esforço de tantos intelectuais brasileiros para o estudo e a preservação das expressões populares.
A partir de fotografias, gravações sonoras e filmes reunidos desde 1940 no acervo da Biblioteca Amadeu Amaral, o vídeo narra não só história da instituição como também um pouco da memória dos estudos de folclore e cultura popular no Brasil, a fim de preservar o trabalho já desenvolvido e fazer dele suporte para o desenvolvimento e a continuidade de pesquisas e estudos na área.
DVD Na ginga do boi: cultura, educação e arte no Brasil.
Editado a partir das experiências do Lenço de Seda-CECAB em seus 33 anos de práticas, o DVD é uma contribuição aos agentes culturais e educadores que pugnam em prol da valorização da cultura e da identidade nacional e pela busca de uma educação assentada em nossas singularidades ancestrais.
Referências de sites:
Editado a partir das experiências do Lenço de Seda-CECAB em seus 33 anos de práticas, o DVD é uma contribuição aos agentes culturais e educadores que pugnam em prol da valorização da cultura e da identidade nacional e pela busca de uma educação assentada em nossas singularidades ancestrais.
Referências de sites:
- Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP)
- Tesauro de Folclore e Cultura Popular Brasileira
- Revista Brasileira de Folclore
- Mário de Andrade: Missão de Pesquisas Folclóricas
- Comissão Nacional de Folclore
- Memória Viva: Luís da Câmara Cascudo
- Lenço de Seda - Cecab
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