17 de junho de 2011

Carro de Bois - Humberto Mauro




Carro de Bois - Humberto Mauro - 1974 from CineMauro on Vimeo.
Carro de Bois foi o último filme do cineasta. Filmado em Volta Grande, Zona da Mata mineira, foi o seu único filme colorido.

Sinopse:
Carro de bois ainda faz parte das paisagens do nosso sertão, numa mistura de utilidade e poesia.

Ano: 1974
Direção: Humberto Mauro
Roteiro: Humberto Mauro e Sérgio Santos
Fotografia: Murilo Salles
Montagem: Sérgio Santos e Gustavo Praça
Música: Maestro Walter de Souza
Narração: Hugo Carvana
Produção Executiva: Valéria Mauro
Direção de Produção: Monica Segreto
Letreiro: Ana Luisa Escorel
Produção: Corisco Filmes LTDA
Supervisão Técnica e Pedagógica: Departamento do Filme Educativo do INC

16 de junho de 2011

Jogo de dentro, jogo de fora...

No post de hoje,  duas deliciosas animações de um minuto e meio cada. Com pouquíssimos traços, podemos perceber  as aproximações e afastamentos próprios dos movimentos e ritmos da capoeira: Jogo de dentro!



Jogo de Dentro (The Inside Game) from Sir Moving Images on Vimeo.


14 de junho de 2011

Fé (Mulheres e Práticas de Saúde)



Fé (Mulheres e Práticas de Saúde) from Felipe Henrique Gavioli on Vimeo.


Desde tempos imemoriais as mulheres sempre estiverem associadas a práticas mágico-religiosas, ao conhecimento do corpo, aos ritos de fertilidade, à manipulação das ervas e chás, aos saberes da natureza e outras tantas práticas consideradas femininas. 


Nas metamorfoses do conhecimento, as mulheres e suas práticas têm sido estudadas e desvendadas, tornando-se importantes objetos de estudo da história. Muito tem sido desmistificado, muito tem sido comprovado, muito tem sido negado, muito ainda temos por descobrir. O que é certo é que as mulheres benzedeiras e seus dons transmitiram-nos, ao longo do tempo, um mosaico infindável de práticas de cura que mesclavam conhecimentos naturais, pragmatismo e fé. 

Presentes em nossas memórias familiares, em nosso universo mágico-infantil, na realidade e na ficção, as benzedeiras estiveram e ainda estão presentes em nossa sociedade de forma significativa. Registrar suas trajetórias de vida por meio de suas memórias e incentivar a valorização de uma expressiva cultura popular é uma forma de preservar seus conhecimentos específicos, grande parte deles alicerçados na oralidade de suas rezas, saberes estes ameaçados pelo esquecimento. 




Direção e Roteiro: Felipe Henrique Gavioli
Pesquisas e entrevistas: Éverton Quevedo
Fez  parte da exposição "Mulheres e Práticas de Saúde", no Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul. (muhm.org.br)

13 de junho de 2011

II Mostra de Filmes Africanos



Terça e quinta às 19 horas no Centro Cultural UFMG
02.06.2011
A NEGRA DE...
Diretor: Ousmane Sembène
Duração: 65 minutos
Ano de Lançamento: 1966
País de Origem: Senegal/França

Baseado em um conto homônimo do diretos Sembène publicado em 1961, "A negra de..." conta a história de uma jovem senegalesa que vai trabalhar na França com o casal de franceses que a empregava em Dakar. Inicialmente animada com a perspectiva de conhecer a França, ela logo se vê desiludida, notando diferenças no tratamento que os patrões lhe dão. O filme trata de modo único os efeitos do colonialismo, do racismo e dos conflitos trazidos pelas identidades pós-coloniais na África e na Europa. Baseado em um caso real.

07.06.2011
OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS

Diretor:
 Jamie Uys
Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento: 1980
País de Origem: Africa do Sul

Uma garrafa de Coca-Cola é jogada de um avião e cai em uma tribo de boxímanes do Kalahari, região desértica da África do Sul, onde os nativos não tinham contato com a cultura do Ocidente. Então, eles acreditam que essa garrafa é um presente dos deuses. Mas o artefato gera uma série de con? itos na tribo e os nativos decidem devolvê-lo aos deuses. Xixo – protagonizado por Nixau, um fazendeiro Namibiano –, é escolhido para a missão e viaja para jogar a garrafa fora do planeta. Nessa viagem, ele encontra várias pessoas, inclusive terroristas, de culturas com regras e leis desconhecidas e estranhas. Desse modo, Os deuses devem estar loucos, escrito e dirigido pelo sul-africano Jamie Uys, desenvolve de forma divertida uma crítica à civilização ocidental.


09.06.2011
A ILHA DOS ESPIRITOS
Diretor: Licinio Azevedo
Duração: 63 minutos
Ano de Lançamento: 2009
País de Origem: Moçambique

A ilha dos espíritos é um documentário que aborda a história da Ilha de Moçambique, que durante séculos, muito antes de dar nome ao país, teve um papel fundamental no Oceano Índico. A ilha foi um ponto de escala para navegadores do Oriente e do Ocidente que procuravam alargar as fronteiras do mundo conhecido até então. As histórias e o cotidiano da Ilha de Moçambique são apresentados por intermédio de vários personagens: um pescador, um arqueólogo marítimo, uma colecionadora de capulanas e joias antigas, um historiador, uma conhecedora dos seres mágicos que povoam o imaginário dos habitantes..
14.06.2011
A NEVE PRETA ( 22 MIN.) E A PEQUENA VENDEDORA DE SOLEIL(45MIN.)
Título original: La néige n’était plus
Diretor: Ababacar Samb Makharam
Duração: 22 minutos
Ano de Lançamento: 1965
País de Origem: Senegal
Um jovem estudante senegalês regressa de uma temporada na França. Quando chega na sua comunidade de origem e reencontra sua família e amigos, percebe que algo mudou. O que ele aprendeu? O que ele esqueceu. Há ainda um lugar para ele junto ao seu povo Que caminho ele irá escolher para o contato com as novas realidades africanas Neste filme de Makharam, os problemas e angústias de uma geração africana são expostos com franqueza e coragem.



A PEQUENA VENDEDORA DE SOLEIL
Diretor: Djibril Diop Mambéty
Duração: 45 minutos
Ano de Lançamento: 1999
País de Origem: Senegal
Silli é uma menina que vivia de esmolas nas ruas de Dakar, no Senegal, quando se torna uma vendedora de Soleil, um dos jornais que se vende na cidade. Esta nova tarefa lhe trará muitos problemas, já que é uma prática comum aos meninos. Devido a sua deficiência física, a menina enfrentará problemas no decorrer de suas aventuras, mas uma bela amizade com o jovem Babou a ajudará a enfrentar esta realidade.
16.06.2011
POVOADO NUMBER ONE

Diretor:de Rabah Ameur-Zaïmeche
Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento: 1999
País de Origem: França/Argélia

Dirigido, produzido e roteirizado pelo argelino Rabah Ameur-Zaïmeche, Povoado number one narra a história de Kamelque, que após sair da prisão, na França, é exilado e retorna a sua terra natal. Na Argélia, Kamel, interpretado pelo próprio Rabah, depara-se com um país em plena transformação, dividido entre o desejo de modernidade e a presença das tradições ancestrais.
21.06.2011
CARMEN NA ÁFRICA
Diretor: Mark Dornford-May
Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2005
País de Origem: África do Sul
Esta produção sul-africana é uma adaptação da ópera “Carmen”, de Bizet, filmada na cidade de Khayelitsha. A versão do diretor Mark Dornford-May combina músicas da ópera original com arranjos de música tradicional Africana. O filme conta a história de um policial ciumento que se apaixona por Carmen, que resolve abandoná-lo. Carmen na África foi traduzida para Xhosa, língua muito falada na região da África do Sul por Andiswa Kedama e Pauline Malefane, que no filme representam Amanda e Carmen respectivamente.
28.06.2011
NHA FALA
Diretor: Flora Gomes
Duração: 95 minutos
Ano de Lançamento: 2007
País de Origem: Moçambique/Portugal

Vita é uma jovem de Guiné-Bissau que decide estudar em Paris. Antes de partir, ela promete à sua mãe que nunca irá cantar, já que uma maldição familiar dita que todos os que cantarem serão perseguidos pela morte. Em Paris, Vita apaixona-se por Pierre, músico de profissão. Certo dia, Pierre pede a Vita que cante no seu estúdio. Ela, ignorando a promessa feita à mãe, satisfaz o desejo do namorado, que fica admirado com a sua voz e a lança numa carreira musical de sucesso. Vita então resolve voltar a Bissau para organizar o seu próprio funeral e provar a sua mãe que a maldição foi desfeita.
30.06.2011
TERRA SONÂMBULA

Diretor: de Teresa Prata
Duração: 110 minutos
Ano de Lançamento: 2002
País de Origem: Guiné-Bissau / Cabo Verde

Terra sonâmbula é o primeiro longa-metragem de Teresa Prata, diretora que nasceu em Moçambique e que também viveu no Brasil e em Portugal. O flme é baseado na obra homônima do escritor moçambicano Mia Couto, e desde que foi lançado, em 2007, ganhou vários prêmios internacionais. Terra sonâmbula apresenta duas histórias separadas pela guerra e unidas por um diário. O menino Muidinga e o velho Tuahir são dois personagens que fogem de uma guerra civil. Em um ônibus atacado por guerrilheiros, Muidinga encontra um diário que traz a história de uma mulher que procura seu filho. Ao ler o diário, o menino se convence de que é ele o filho procurado. Muidinga, então, decide ir ao encontro da mulher, acompanhado de Tuahir, um velho, que guarda muitas histórias e que o trata como filho. A viagem acontece em meio aos conflitos da guerra civil.

01.07.2011
SAWOROIDE, O SAGRADO TAMBOR FALANTE
Direção:
 Tunde Kelani
Duração: 110 min. -Nigéria, 1999

Saworoide, o sagrado tambor falante é considerado pela crítica a obra-prima do diretor Tunde Kelani, um dos maiores cineastas da Nigéria. O filme apresenta a história de Jogbo, um reino imaginário, onde Saworoide é o nome de um grado tambor falante, que está miticamente ligado à coroa do rei, simbolizando a legitimidade e a autoridade do líder. A partir de elementos míticos tradicionais, o filme de Tunde Kelani acaba por denunciar os dirigentes descomprometidos com o bem estar da população da Nigéria. A história do reino imaginário de Jogbo torna-se, assim, uma alegoria em torno da nação nigeriana.

12 de junho de 2011

Os deslimites da invenção


Vinicius Barros é biólogo por formação,  fotógrafo por  convicção e sensibilidade.  
 Vinicius é do Mato, do café com rapadura, do pito no canto dos lábios, dos dedos nodosos pela enxada...  Capaz de tranformar o aço em poesia, ele congela cenas-poemas,  síntese de  um olhar técnico de quem conhece as espécies da fauna e da flora e de  um entrosamento profundo com as pessoas e as coisas que fotografa. 


Passear pela galeria virtual de Vinícius do Mato é coisa bonita que faz a gente parar, contemplar apoiado no cabo da enxada e delirar. Suas imagens fazem a gente desenhar o cheiro das árvores, escutar a cor dos passarinhos. É porque ele não sabe que não tem jeito de desenhar o cheiro e nem que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som.


 E como as coisas já estão cansadas de ser vistas por pessoas razoáveis, o que elas desejam mesmo é ser olhadas de azul, tudo faz pose para que este poeta da imagem tenha tempo de congelar o instante. É que Vinícius é também de Barros, como o poeta Manoel.

10 de junho de 2011

"Canções de gratidão" com Haru Xynã Kontanawa





MEU AVÔ COSTUMAVA DIZER QUE TUDO ESTÁ  INTERLIGADO 
entre si, e que nada escapa da trama da vida.

Ele costumava me levar para uma abertura da floresta, deitava-se  sob o céu, apontava para os pássaros em pleno vôo e nos dizia que eles escreviam uma mensagem para nós. “Nenhum pássaro voa em vão. Eles trazem sempre uma mensagem do lugar onde todos nos encontraremos”, dizia ele num tom de simplicidade, a simplicidade dos sábios.

Outras vezes nos punha em contato com as estrelas e nos contava a origem delas, suas histórias. Fazia isso apontando para elas como um maestro que comanda uma orquestra. Seu olhar estava sempre direcionado para o infinito, como se contemplasse a infinitude inquieta do universo que tinha diante de si.

Em dias inspirados, o velho avô nos lembrava algo sobre o tempo: se o momento atual não fosse bom, não se chamaria presente. Lembrava-nos com isso que o único tempo que temos é o agora, e que devemos encará-lo como um presente da divindade.

Viver o hoje, usufruí-lo sem pressa, sem desejo de dominá-lo e sem querer congelá-lo com a doentia mania ocidental de tudo planejar, desejo insano de dominar o futuro. E para quê? Para acumular e distrair-se da real necessidade de vivermos a vida como um presente do Criador.
Em outros dias, nos ensinava que, para sermos felizes, é preciso lembrar sempre duas verdades:

1. Nunca se preocupar com coisas pequenas;
2. todas as coisas são pequenas.

Não se preocupar com nada, vô? — alguém do grupo perguntava. O velho apenas sorria, compreendendo nossa dificuldade. Não foi isso que eu disse, meus netos. Eu disse que é preciso que se dê, a cada coisa, sua importância devida. Nossos problemas não devem ser maiores do que cada um de nós.

Confesso que não entendia direito o que ele queria nos dizer, mas o acompanhava a todos os lugares só para ouvir a poesia presente em sua maneira simples de nos falar da vida.

Numa certa ocasião, ele disse que cada coisa criada está em sintonia com o criador, e que cada ser da natureza, inclusive o homem, precisa compreender
 que seu lugar na natureza não é ser o senhor, mas um parceiro, alguém que tem a missão de manter o mundo equilibrado, em perfeita harmonia para que o mundo nunca despenque de seu lugar.

“Enquanto houver um único pajé sacudindo seu maracá, haverá sempre a certeza de que o mundo estará a salvo da destruição”. Assim nos falava nosso velho avô, como se fôssemos — eu e meus irmãos, primos e amigos — capazes de entender a força de suas palavras. Só bem mais tarde, homem adulto, conhecedor de muitas outras culturas, pude começar a compreender a enormidade daquele conhecimento saído da boca de um velho que nunca tinha sequer visitado a cidade, ao longo de seus mais de 80 anos.

Percebi, então, que meu avô era um homem com uma visão muito ampla da realidade, e que nós éramos privilegiados por termos convivido com ele.
Estas   lembranças   sempre  me   vêm  à  mente   quando penso na diversida de,   na diferença  étnica ,  social  e  na   hoje chamada sustentabilidade, uma nova idéia para necessidade antiga de o homem ocupar seu lugar no universo.
Penso nisso e me deparo com a compreensão de mundo dos povos tradicionais:

Tudo está em harmonia com tudo; tudo está em tudo;

É   uma   concepção que  não  exclui nada e não dá toda a importância a um único elemento, pois todos são passageiros de uma mesma realidade; são, portanto iguais. No entanto, não se pode pensar que essa igualdade signifique uniformidade. Todos esses elementos são diferentes entre si, têm uma personalidade própria, uma identidade própria.

Com minhas leituras e viagens, fui compreendendo, aos poucos, aquilo que o meu avô dizia sobre a sabedoria que existe em cada um e todos os seres do planeta.

Descobri que não precisa ser xamã ou pajé para chacoalhar o  maracá: basta colocar-se na atitude harmônica com o Todo, como se  estivéssemos seguindo o fluxo do rio, que não tem pressa... Mas sabe onde quer chegar.

Foi assim que descobri os sábios orientais;
os monges cristãos;
as freiras de Madre Teresa;
os muçulmanos;
os evangélicos sérios;
os pajés da Sibéria, dos Estados Unidos;
os Ainu do Japão;
os Pigmeus;
os educadores e mestres...
Descobri que todas essas pessoas,
em qualquer parte do mundo,
praticando suas ações
em busca do equilíbrio do universo
estão batendo seu maracá.
Entendi, então, a lógica da teia.

cada um é responsável por essa harmonia.

Entendi que cada um dos elementos vivos segura uma ponta do fio da vida, e o que fere, machuca a Terra, machuca também a todos nós, os filhos da Terra.
Foi aí que entendi que a diversidade
dos povos,
das etnias,
das raças,
dos pensamentos,
é imprescindível para colorir a Teia,
do mesmo modo que é preciso sol e água para dar forma ao arco-íris.
Extraído de: A vida que a gente quer depende do que a gente faz; Propostas de sustentabilidade para o planeta. Da série Leituras do Brasil.